29 de Abril

Voltei lá, ao local.

Foi já há muito tempo que o deixei. 5 anos? Talvez. Voltei, por casualidade.

Local de carícias trocadas, palavras sentidas, olhares cruzados, sentimentos expressos.
Foi lá também que me refugiei nos dias menos bons, à beira rio, numa paz que só aí conseguia
encontrar.
Foi lá que vivi momentos intensos, foi lá o nosso primeiro beijo.

Estranho, sim, foi estranho. Não senti nada, nenhuma emoção, nem saudade sequer. Será que a ferida fechou? Será que o posso dizer finalmente?
Talvez ainda não. Eu sei que as lágrimas secaram, mas na verdade, no momento em que escrevo estas linhas sinto o coração apertado. Afinal, ainda existe cá dentro qualquer coisa!

Às vezes penso se valeria a pena o tempo voltar atrás. Faria o mesmo ou não? Ninguém consegue responder a esta questão, ninguém sabe dizer o que teria sido melhor.

Existe contudo uma questão em aberto, e essa só tu a podes responder. Quem sabe um dia...

25 de Abril


Hoje é dia 25 de Abril, é feriado. Dizem que é Dia da Liberdade!


Que significará este dia para a maior parte dos portugueses? Que significará este dia para os jovens do nosso país?


Não terá o mesmo significado, não terá de certeza. A mim diz-me pouco, muito pouco na verdade. Confesso a minha ignorância, não total é certo. A família contou alguma coisa, a televisão mostrou alguns documentários. Até vi o filme que se fez sobre o dia da Revolução.


Mas é diferente, quando não se viveu esse tempo, quando não se contactou directamente com a situação em si. Festejamos este dia pela sua importância, mas para mim, o que mais me marca é o facto de ter ocorrido uma revolução sem qualquer violência, sem o derrame de sangue como acontece em qualquer outro país por esse mundo fora.


Tenho consciência que se viveram tempos dificeis no nosso país, tempos de opressão. Talvez agora haja liberdades em exagero, talvez... Mas fica aqui o louvor aos homens que tentaram dar a este país um rumo diferente, um novo ar. Fica aqui o louvor de alguém pós-25 de Abril.


Obrigada pelo vosso feito!


20 de Abril

Estou farta das pessoas.
A sério!
Farta de serem falsas, mesquinhas, de dizerem uma coisa à nossa frente e por trás nos maldizerem.
Estou farta de me olhem de cima a baixo e me façam um scanner se levo esta ou aquela roupa, se digo isto ou aquilo.
Estou farta desta falsidade, desta ilusão que nos obriga a sorrisos amarelos e a dizer, educadamente, aquilo que nos apetece berrar.
Toda a gente parece dar palpites, opinam sobre tudo e todos mas nunca olham para si mesmas, quando é delas que deve partir o exemplo.
Não têm espelhos?

6 de Abril

Há situações na nossa vida, pelas quais passamos, de um modo ou de outro.

Há situações na vida em que pensámos mil e uma vezes, planificamos de mil e uma maneira, imaginamos vezes sem conta como acontecerá, o que se dirá, o que se fará...

Tudo está na nossa cabeça, pensado até ao mais ínfimo pormenor. Quase parece um filme, ou melhor, o argumento de um filme, em que até conseguimos ter a proeza de imaginar as falas, nossas e dos outros.

Planos, planos, planos...

O dia chega, a situação ocorre e quando damos por isso o dia está no fim, a situação passou...

Um plano não é algo estanque, um plano não deve, nem se consegue, seguir à risca.

Não adianta imaginar o que irá acontecer. Quando a ocasião chegar lá estaremos nós para agir!

4 de Abril de 2007

Ela tinha aquela ferida que teimava em cicatrizar. Por mais que tentasse, por maior que fosse o seu esforço, lá se abria de novo, lá sangrava novamente.
A vida também não ajudava. De todo o lado surgia uma ou outra situação, uma ou outra lembrança, uma ou outra conversa. E novamente a recordação emergia, a mesma recordação que lhe fazia chorar interiormente, pois as lágrimas exteriores há muito que estavam secas.
Talvez a culpa seja dela que não é capaz de dizer CHEGA!
Talvez a culpa seja dela que não tem a coragem de apagar de vez com esse sentimento.
Talvez a culpa seja dela por ainda acreditar que o tempo pode voltar atrás e auto-corrigir-se!
Talvez...
Talvez a culpa seja dos outros que não vêem a sua dor.
Talvez a culpa seja dos outros que teimam em mexer e remexer na recordação.
Talvez a culpa seja dos outros, mas os outros podem nem saber...
Talvez...
Força! Segue em frente! Não deixes que os desânimos da vida se abatam sobre ti!
Sorri, sorri à vida, porque a vida sorri para ti e nunca saberás quem poderá estar a ver o teu sorriso!

2 de Abril de 2007

A vontade de escrever vem de longe.
As desculpas para o fazer são de agora (ou talvez não).

Quantas vezes nos apetece gritar, deitar para fora o que cá dentro nos mói?
Ou então, simplesmente comentar uma imagem, um odor, um som… Dizer alto e bom som o que nos vai no pensamento, sem ter ninguém ao pé que nos olha de canto e se interroga se os fusíveis estarão em ordem.

Um Blog? E porque não?

Descobri que ter um blog à minha responsabilidade é das coisas que mais me satisfaz, que mais prazer me dá – vê-lo crescer, vê-lo embelezar-se, vê-lo apreciado por quem aqui passa, que sem me conhecer, me descobre em cada palavra, em cada olhar. Sem pressões, sem prazos, sem temas definidos. Simplesmente o meu olhar e os meus sentimentos que em linhas se entrelaçam.

No outro dia cruzei-me com este poema. Não era novo, mas a recordação da música fez-me procurá-lo, conhecê-lo melhor. E foi então que me descobri nestas notas, pois é no silêncio que escrevo estas palavras, e no meio de tanta gente que as apresento, porque estas palavras “São a história d'aquilo que sou”!

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou
Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou


Maria Guinot: Silêncio e tanta gente